
Idealizado pelo Laboratório de Inovação (InovaJusMT), do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o evento reunirá até a próxima quarta-feira (31 de maio), servidores e agentes públicos que atuam em laboratórios de inovação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), do Ministério Público Estadual e do Governo do Estado, para juntos debaterem a troca de experiência na entrega de serviços à população.
Os debates tiveram início com a palestra ‘A importância dos laboratórios para inovação dos serviços públicos’, ministrada pelo servidor público federal da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Rodrigo Narcizo. Segundo ele, a inovação na oferta eficiente de serviços públicos passa estrategicamente pelo grau de estímulo a que é submetido o servidor. Quanto mais estimulado e reconhecido for o servidor, maior e melhor será a entrega de resultados à população. Diferente do conceito tecnológico imaginado pela maioria das pessoas, a inovação pode ser aplicada para o aprimoramento das mais diferentes áreas de serviço, como também para a construção de arranjos que promovam melhorias no ambiente de trabalho.
O papel do líder também é estratégico no processo de inovação. Quanto mais receptivo às tecnologias que envolvem o aprimoramento do serviço público, maiores serão as possibilidades de criação e engajamento da equipe, traduzidas em respostas rápidas e criativas à sociedade e ao próprio ecossistema organizacional da instituição.

Os laboratórios de inovação também são espaços de interconexão entre diferentes setores de uma mesma empresa ou instituição, criados como ambientes para a testagem de ideias e projetos, a chamada prototipagem. Como parte do processo criativo, os laboratórios são ambientes seguros, onde as possibilidades de erro e acerto são admitidas como necessárias ao processo criativo. “O medo de errar inibe o processo criativo, e nesse sentido, grande parte das organizações inibem seus colaboradores no momento em que dizem que o erro não é admitido, que erro é sinônimo de gasto público. A cultura de que o erro é ruim, de que o erro deve ser punido, e punido com rigor, tem inibido o desenvolvimento de projetos extraordinários na gestão pública”, frisa Narcizo.
Compreender as possibilidades de erro e acerto como parte do processo criativo, foi debatido durante a mesa “Experimentar e Falhar. É permitido?”, mediada pelo juiz titular da 3ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá, juiz-membro do Tribunal Regional Eleitoral, e especialista em Direito Digital, Cyber Segurança e Data Protection, Luiz Octávio Sabóia Ribeiro.

Para o juiz Octávio Sabóia, o processo de inovação passa necessariamente pela testagem do produto, com espaço para erro e acerto, admitidos como parte do processo criativo dentro da organização.
“O período da pandemia é um exemplo do espaço onde erros e acertos tiveram que ser admitidos pelas instituições como parte do processo de criação, e de resposta ao cidadão. As organizações públicas se viram obrigadas a confiar em suas equipes, no sentido de errar e acertar, testar e experienciar o “fazimento” de diferentes soluções para assegurar a continuidade do atendimento ao cidadão. A pressão gerada pelo momento fez com que as instituições se voltassem para o seu corpo técnico, onde todos tiveram que participar do processo criativo”, frisa Sabóia.
Uma proposta interessante é a criação de espaços transversais de cooperação, com laboratórios voltados para modelos de inovação aberta, onde cabeças pensantes de diferentes instituições podem trabalhar conjuntamente para a solução de ‘dores’ e desafios comuns, criando uma rede de colaboração transversal. A ideia foi defendida pelos participantes com uma alternativa rápida para soluções comuns, onde cada parceiro pode contribuir com o aprimoramento da expertise desenvolvida em sua área de atuação.
A união de esforços e ideias entre os parceiros do E-Lab 65/66 foram ressaltados pela coordenadora do InovaJusMT, Viviane Brito como resultado da preocupação compartilhada pelas instituições no sentido de aprimorar o atendimento ao cidadão. “Percebo que a preocupação da gestão pública é garantir resultados, e resultados rápidos, algo que também me preocupa. Como sermos céleres e eficientes diante da demanda social que cresce de forma acelerada. A gestão pública precisa buscar métodos para planejar cada vez mais rápido e ao mesmo tempo, precisamos do tempo de maturação necessário para cada nível de ideia. E nessa dinâmica, é imprescindível não deixarmos que o medo do errar crie uma barreira no momento de ‘pensar’ solução; e o desafio é pensar muito, pensar bastante, pensar com eficiência e pensar com foco em soluções exequíveis”, concluiu.
O superintendente de Governança do Estado, Washigton Silva destacou a iniciativa inovadora do Poder Judiciário em reunir parceiros focados no processo criativo dentro da gestão pública, e parabenizou Judiciário pela construção participativa para a realização do evento.
“Temos trabalhado muito para desmistificar dentro do serviço público que inovação vai muito além do setor de tecnologia da informação. O maior obstáculo para a inovação não é tecnológico, mas sim humano. Temos uma cultura voltada para controlar e manter o status quo e não para inovar, todo o processo dentro do serviço público é baseado em uma filosofia de evitar o erro. Imagina se Santos Dumont tivesse desistido no primeiro erro, ou no primeiro acidente que ele sofreu? Certamente teríamos demorado mais para ter o avião. Toda startup, por exemplo, sabe que vai fazer e que vai dar errado, ele não presume que vai dar certo, ele presume que vai dar errado, a questão é ele saber que quanto mais rápido ele errar, mais rápido ele vai aprender, e mais rápido ele vai ter um diferencial competitivo. E quando temos um projeto que faz sentido, o erro estratégico quer fazer com que aquele mesmo projeto seja aplicado para os 141 municípios, antes que a ideia seja maturada e testada. Aí na primeira falha do projeto, ele é demonizado e abortado pelo serviço público”, defende Washington.
#ParaTodosVerem – Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Primeira imagem: Foto ampliada do público durante a palestra, ao fundo no palco, os debates estão sentados em formato de semicírculo. Ao centro a juíza Viviane Brito, a sua esquerda o juiz Octávio Sabóia e a extrema esquerda, o participante Rodrigo Narcizo. À direita, o servidor do Governo do Estado Washington Silva.Segunda imagem: O servidor público federal da Agência Nacional de Aviação Civil, Rodrigo Narcizo palestrante do dia concede entrevista à TV.Jus. Ele usa óculos de grau e veste blazer cinza escuro com gravata listrada em tons de lilás. Terceira imagem: Foto mais próxima dos participantes sentados em pufs brancos com a logo do Inovajus e ao fundo telão com a logo do E-Lab.
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Naiara Martins/Fotos: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT
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